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Um exemplo de dedicação

 

É do conhecimento geral que é a Enfermeira Estomaterapeuta que mais ostomizados acompanha em Portugal. Como é que se sente com tão importante responsabilidade?

Muito bem porque me sinto muito realizada com o trabalho que faço e, como tal, tudo o que seja acompanhamento aos ostomizados, para mim é sempre gratificante.

 

Quais os principais motivos pelos quais os ostomizados a procuram?

Por vezes a falta de apoio e também, com muita frequência, devido à falta de ensino que têm relativamente aos cuidados que devem ter com a sua ostomia. Tenho todo o prazer em receber todos aqueles que me procuram e, por isso, tenho recebido ostomizados de todos os locais do país. Alguns dos ostomizados que são operados em Lisboa aproveitam a sua vinda à consulta do cirurgião para me visitar, e eu tenho todo o gosto em recebê-los.

 

Qual a maior preocupação do ostomizado?

Pela minha experiência, o problema que mais preocupa o ostomizado é o mau cheiro e o consequente risco de não ser aceite. Trata-se de um falso problema porque se o ostomizado tiver os devidos cuidados de higiene este problema não se põe, e com os materiais de ostomia actualmente existentes no mercado, que de facto são muito bons, não há razão para ter estes receios.

 

É difícil o ostomizado ultrapassar este problema?

Não é difícil. Penso que desde que se tenha um pouco de tempo para acompanhar e deixar que o ostomizado verbalize todas as suas preocupações e sendo esclarecido, com certeza que não vai ter estes problemas.

 

Que relação desenvolve com os ostomizados?

A minha relação com os ostomizados é muito boa, é uma relação de carinho, de amizade e no fundo é uma relação que a mim me preenche.

 

Sabemos que tem desempenhado um papel importante na formação de profissionais de saúde. Em que tipo de iniciativas tem participado?

Em todas as iniciativas para as quais tenho sido convocada, especialmente formação a outros profissionais de saúde como enfermeiros, farmacêuticos, escolas de enfermagem e todos aqueles que me solicitam, com certeza que estou sempre disponível.

 

Actualmente, pensa que o acompanhamento do ostomizado nas diversas instituições é satisfatório?

Sim, penso que sim, já foi muito mau, mas presentemente é satisfatório. Depende também de um pouco de sorte em relação às equipas que aparecem. Por vezes é feito um ensino que não é o mais adequado mas isso deve-se à falta de experiência das pessoas que o fazem e muitas vezes indicam coisas que não são as mais indicadas, mas com certeza que já fazem muito e acho que se tem evoluído bastante neste aspecto.

 

Em comparação com o nível de acompanhamento ao ostomizado que se pratica nos países mais evoluídos da Europa ainda estamos muito longe?

Eu penso que não. Estamos praticamente ao mesmo nível, apenas não temos talvez a mesma disponibilidade de tempo que os profissionais de saúde desses países.

 

Em Portugal aproveitam-se geralmente os profissionais de saúde para outro tipo de serviço e não para aquele que seja totalmente dedicado ao ostomizado. O serviço de Estomaterapia é um serviço muito exigente e muito diversificado e acho que a enfermeira estomaterapeuta deveria estar totalmente liberta e dedicada a esse tipo de serviço.

 

Que sugestões daria, para melhorar a qualidade de vida do ostomizado, do ponto de vista de política de Saúde?

Mais formação aos profissionais de saúde e selecção criteriosa das pessoas para esta área, porque penso que muitas vezes as pessoas que fazem formação não estão vocacionadas para exercer este tipo de serviço de estomaterapia e é necessário, na verdade, gostar muito.

 

Tem que haver muita dedicação, tem que se gostar muito do que se está a fazer e tem que se ter espírito de ajuda porque no fundo estamos a ajudar os outros e também a ajudar a ultrapassar um obstáculo que no fundo não deve ser fácil. Se nós nos pusermos um bocadinho do outro lado, do lado do ostomizado, talvez passemos a dar mais valor à situação do ostomizado.

 

 

(Enfermeira Estomaterapeuta Augusta Pinheiro)

Artigo publicado no boletim GOLD CARD SERVICE, n.º 1 - Maio 2003, edição da ConvaTec